segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Página Virada

O Livro acabou.

Virei sua última página

e o deixei sobre a cadeira,

junto com os jornais antigos

dos quais eu nunca quis me desfazer.


Incrível, mas gastei mais tempo procurando

algo que me interessasse a leitura

do que efetivamente lendo todas essas coisas tolas...

e é justamente isso que me entristece:

Ter que me despedir do certo passado

e encarar o futuro

incerto.


Entristece-me esse fato, sim!

Mas não é tristeza covarde - não inteiramente! -

é antes tristeza de não se vá,

de não me deixe, de sentirei saudades suas!


Sim!

Não ignoro o fato das possibilidades

que uma despedida pode nos trazer,

mas é difícil se desprender do luto,

re-iluminar o rosto e seguir adiante,

levar consigo apenas os instantes,

as saudades, e o prazer

que Houve!


Aromas...

Por que o gosto do café não é tão bom quanto o seu cheiro?

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Um

Escrevi um livro

E dele fiz minha bagagem.

Livro pequeno,

estilo pocket book.


Quem precisa de mais

mais que algumas páginas

não está a levar bagagem,

está de mudança.


Mas todas as páginas estão em branco,

e por mais que eu tente preenchê-las

elas insistem e permanecem brancas,

estupidamente brancas,

Inebriantemente claras, alvas; Brancas!!!


Quando estou sentado na beira do caminho

vendo quem passa e olhando para as nuvens

tenho vontade de escrever,

de desenhar tudo que sinto...


...E o faço, e refaço!

Mas meu coração resta em pedaços

na próxima parada

ao ver que tudo

que escrevi

por essa estrada

foi tatuado em mim,

e ninguém jamais poderá ler!